Ministro da Fazenda deu declaração durante audiência na Câmara e disse que entende críticas da direita e da esquerda. Texto apresentado pelo governo foi alterado pelo relator. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante audiência em comissão da Câmara
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (17) que o texto do novo arcabouço fiscal busca o equilíbrio entre progressistas e conservadores para “despolarizar” o país.
Haddad deu a declaração ao participar de uma audiência na Câmara dos Deputados para a qual foi chamado a explicar a política econômica do governo Lula.
A proposta foi encaminhada pelo governo ao Congresso em abril. Para conseguir apoio ao texto, a equipe econômica teve de ceder em alguns pontos, na negociação com o relator do projeto na Câmara, Cláudio Cajado (PP-BA).
“Eu entendo o deputado Cajado. As pessoas me perguntam: ‘O acordo é bom?’. Quando você defende uma proposta, você defende a proposta que foi encaminhada. Eu entendo as pessoas que estão criticando o arcabouço, ou pelo lado mais conservador, ou pelo lado mais progressista. Eu entendo. Quem é mais conservador, quer arrochar mais, quem é mais progressista está preocupado com o Fundeb, está preocupado com servidor público, preocupado com o salário mínimo”, disse Haddad aos deputados.
“Quando você tem uma Casa com 513 parlamentares com visões diferentes, o relator fez um trabalho para tentar buscar aquele centro expandido, vamos dizer assim, para obter o resultado pretendido, não apenas os 257 votos para aprovar uma lei complementar, mas um espaço maior de 300, 350 votos, para sinalizar ao país que este centro está sendo reforçado, que estamos despolarizando o país para o bem do próprio país”, completou o ministro da Fazenda.
A previsão é de que um pedido de urgência para a proposta seja votado ainda nesta quarta (17), e conteúdo do projeto, na semana que vem.
O projeto do novo arcabouço, um conjunto de regras fiscais que, se for aprovado, vai substituir o teto de gastos, é a prioridade do governo na área econômica.
Com o novo marco fiscal, o governo Lula (PT) pretende controlar o gasto público e sair do vermelho sem tirar dinheiro das áreas que considera essenciais, como saúde, educação e segurança. E também garantir recursos para investir em obras e projetos que ajudem a economia a crescer.
Segundo o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), o texto do relator é o texto “possível” de ser aprovado e há o compromisso do Palácio do Planalto de não vetar trechos da versão apresentada por Cajado.
PT defende debate sobre arcabouço
Presente à sessão com Fernando Haddad, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do PT, afirmou que o partido defende que haja o debate sobre o arcabouço.
No último dia 15, Gleisi afirmou que os chamados “gatilhos” incluídos por Cajado na proposta do arcabouço incomodam o PT. “Gatilhos” são medidas que o governo deverá adotar em caso de descumprimento da meta prevista no projeto.
“Só uma cabeça autoritária é que pensa que não se pode ter debate sobre propostas dentro do governo. Nós somos um partido democrático e sempre primamos pelo debate e pela discussão e vamos continuar assim. O PT nunca faltará ao governo”, declarou Gleisi nesta quarta-feira.
Após a fala de Gleisi, o deputado Felipe Francischini (União-PR) disse que a presidente do PT faz “oposição” a Fernando Haddad.
Gleisi, então, pediu a palavra para manifestar apoio ao ministro da Fazenda. “Estão querendo nos intrigar, mas não vão conseguir”, afirmou a deputada ao ministro. “Estamos juntos nesta caminhada sem prejuízo de qualquer debate que o senhor tenha feito conosco”, completou.
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