Apenas duas distribuidoras de energia apresentaram propostas: Cemig (MG) e Equatorial Energia Pará (PA). Deságio médio (valor abaixo do teto) do leilão foi de 26,38%. O leilão de energia nova, chamado de A-5, realizado nesta sexta-feira (14) pelo governo e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), foi marcado pela baixa demanda das distribuidoras. O certame estava marcado para setembro, mas devido a problemas técnicos foi adiado para este mês de outubro.
Ao todo, o leilão contratou energia a ser fornecida por 22 usinas (veja detalhes do resultado mais abaixo).
O objetivo do leilão foi contratar energia de novos empreendimentos de geração, com início de fornecimento a partir de 2027. Mas apenas duas distribuidoras de energia apresentaram demanda: Cemig (MG) e Equatorial Energia Pará (PA).
A Cemig foi a maior compradora, com 22,7 milhões megawatt-hora (MWh) de energia contratada e a Equatorial Distribuição Pará com pouco menos de 5 milhões de MWh.
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Motivos da baixa demanda
A baixa demanda por parte das distribuidoras já era esperada pelo mercado. São dois os principais motivos apresentados por especialistas e pelo próprio governo:
abertura do mercado livre de energia para a alta tensão em 2024 e perspectiva de abertura para a baixa tensão a partir de 2026. No mercado livre, o consumidor pode escolher o seu fornecedor de energia. Ou seja, não precisa mais ser atendido necessariamente pela distribuidora de energia da sua região. Atualmente, o mercado livre está disponível apenas para grandes empresas; e
crescimento da geração distribuída, em que o consumidor gera a própria energia que consome, caso da instalação de painéis solares em casas e empresas.
“A gente já vem de um histórico de demandas mais baixas. As distribuidoras já estão contando com essa abertura [de mercado], é uma discussão que acontece há bastante tempo. Além disso, estamos num cenário de crescimento muito acelerado da micro e mini geração distribuída”, afirmou Renata Rosada da Silva, assessora especial de assuntos econômicos do Ministério de Minas e Energia (MME).
Ou seja, a expectativa é que o número de clientes atendidos pelas distribuidoras de energia caia ainda mais com o tempo, fazendo com que as concessionárias demandem uma menor contratação de energia, realizada por meio de leilões organizados pelo governo.
Além desses dois fatores, o leilão obrigou as distribuidoras participantes a contratarem pequenas centrais hidrelétricas. Foi uma reserva de mercado imposta pela lei que autorizou a privatização da Eletrobras.
Questionada, a representante do MME disse que o governo estuda fazer leilões de energia com prazo de contratação mais curto. O leilão realizado nesta sexta prevê o fornecimento durante 15 ou 20 anos, a contar de 2027, o que também pode ter contribuído para a baixa demanda.
Resultado
Veja as usinas contratadas no leilão:
9 pequenas centrais hidrelétrica em Goiás, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso;
4 usinas solares em Minas Gerais e Paraíba;
3 usinas eólicas na Bahia e no Rio Grande do Norte;
2 usinas térmicas movidas a biomassa em Goiás;
2 centrais de geração hidrelétricas em Santa Catarina;
1 usina térmica movida a resíduo sólido em São Paulo;
1 usina hidrelétrica em São Paulo.
Das usinas inscritas no leilão, somente as térmicas a carvão não fecharam contratos com as distribuidoras.
A contratação do leilão foi de 176,8 MW médios de energia. O preço médio foi de R$ 237,48/MWh, com deságio (redução em relação ao valor-teto) de 26,38%.
As usinas contratadas são empreendimentos novos, que precisam entrar em operação em 2027. Os contratos serão de 15 a 20 anos, a depender do tipo de usina. O valor total dos contratos foi de R$ 6,6 bilhões e são esperados investimentos estimados de R$ 2,95 bilhões para erguer os empreendimentos.
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