Entenda que cuidados deve tomar para aprender sobre investimentos. Inteligência Financeira
Divulgação
Quando você sente dores no coração, pesquisa no Google as possíveis causas do sintoma? Praticamente todo mundo faz isso só para ter uma ideia do que pode estar rolando. Agora, a não ser que você não dê tanto valor a sua saúde, vai procurar um médico para que ele indique o melhor tratamento.
O mesmo acontece com sua vida financeira. Quer respostas imediatas às dúvidas sobre investimentos? Dicas de quem já ganhou muita grana pra ver se consegue faturar alto na bolsa? Cada vez mais pessoas estão recorrendo aos influencers de finanças para tentar voos-solo no mercado. Para se ter ideia, só o FinTwit, rede de influenciadores sobre o tema, alcança hoje 91,5 milhões de seguidores no Twitter (daí o nome FinTwit).
Mas é uma boa ideia entrar na onda de qualquer influencer para tomar decisões sobre o seu dinheiro? Na opinião da Comissão de Valores Imobiliários (CVM), é preciso ter cautela. Tanto que, desde setembro, a instituição passou a pedir dados de algumas contas: nome, CPF, e-mail, data de nascimento e telefone. Segundo a comissão, o procedimento faz parte de um processo da Superintendência de Relações com o Mercado e Intermediários (SMI). O objetivo é tentar separar o joio do trigo, evitando que golpistas se passem por especialistas e vendam estratégias duvidosas.
A lista de golpes é extensa. Venda de pirâmides financeiras como produtos de investimento, curiosos não certificados indicando “as melhores ações do mercado”, venda de cursos de pseudo especialistas… E vai além: manipulação de mercado e até vazamento de informação privilegiada. Sim, perfis com mais de 80 mil seguidores – os chamados Jedis, fazendo alusão à franquia Star Wars – têm grande potencial de influência no mercado e, portanto, precisam ter clareza e cautela sobre suas opiniões.
Tipo de influencers
De acordo com o FInfluence, relatório produzido pela CVM, que estuda os perfis de quem fala sobre investimentos nas redes sociais, existem cinco tipos de influenciadores: produtores de conteúdo, analistas, traders, investidores independentes e especialistas. Para descobrir se o perfil que você acompanha é confiável ou embusteiro, é fundamental saber se o conteúdo apresentado ultrapassa ou não os limites da ética.
Conforme o relatório, um produtor de conteúdo cria e divulga material elaborado e têm na atividade, na maioria dos casos, o foco profissional. O escopo de atuação é abrangente: costumam falar sobre investimentos específicos, fazer análises de mercado e dar dicas de ações para o investidor ficar de olho. Como saber se esse é um bom influencer pra você seguir? Ele respeita a máxima de que não existem garantias no mundo dos investimentos? Usa boas fontes de informação? Produz de verdade o que ensina ou apenas reproduz ideias como se fossem dele? Atualmente, esse tipo de perfil é o mais popular nas redes, alcançando 49 milhões de usuários.
Já o analista pode trabalhar em casa de análises (as que avaliam o comportamento dos ativos do mercado) ou ser um investidor independente, produzindo análises técnicas e indicações de investimentos. Segundo o relatório, ele geralmente divulga e-books e cursos, avalia fundos, ações e moedas. Os riscos, aqui, podem estar ligados a “parcerias” com empresas de capital aberto, que acabam recebendo mais “atenção” desses analistas para valorizar seus ativos. Veja: trabalhar em “parcerias” não é necessariamente um problema. A falta de ética está em não informar isso aos seguidores e tentar manipular o comportamento deles. Hoje, esse tipo de perfil alcança 8,6 milhões de seguidores.
Outro perfil muito procurado é o de traders, os investidores mais focados em operações de curto prazo. Nas redes, geralmente mostram sua rotina profissional, dão dicas de transações de day trading e scalping, que são a compra e venda de ações no mesmo dia e operações de curtíssimo prazo, respectivamente. Aqui, o risco vem pelo senso de urgência. Por serem investimentos realizados no mesmo dia (ou na mesma hora), a chance de investidores agirem pela emoção para não perderem oportunidades “quentíssimas” é mais alta. O arrependimento, infelizmente, pode vir na mesma velocidade. Hoje, quase 7 milhões de pessoas são alcançadas por esse tipo de influencer.
Na sequência temos os investidores independentes, que compartilham suas dicas e experiências com os seguidores. O risco, no limite, é a valorização artificial de ativos (a famosa bolha), para manipular o mercado. Ele também pode indicar investimentos fraudulentos, como pirâmides financeiras, como se fossem oportunidades de ganho imperdíveis. Novamente, o senso de urgência pode mexer emocionalmente com os investidores, que adotam estratégias sem considerar suas particularidades, perfil de risco etc.
Finalmente estão os especialistas, geralmente professores universitários, economistas e profissionais de mídia que comentam, a partir do conhecimento técnico, assuntos ligados a investimentos e economia. Venda de cursos, mentorias e dicas são as principais atividades desse tipo de influencer, que atualmente alcança 7,8 milhões de seguidores. Para não cair em golpes, verifique os títulos e certificações que os profissionais alegam ter, observe se os materiais divulgados são da autoria do especialista e se são taxativos demais em suas análises, como se não fossem passíveis de contestação.
Na prática
Embora os golpes se multipliquem todos os dias, seguir influencers pode ser ótimo para a sua performance. O importante é basear suas decisões, sempre, no seu perfil de investidor e objetivos de vida, avaliando e questionando as informações com a ajuda do seu parceiro de investimentos. Também, é claro, acessando fontes confiáveis, como a inteligenciafinanceira.com.br.
g1 > Economia
Comments are closed.