Referencial agora está na faixa de 4,75% a 5% ao ano. Mudança vem após oito reuniões consecutivas sem alterações. Sede do Federal Reserve (Fed), Banco Central dos EUA.
REUTERS/Joshua Roberts
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) decidiu cortar os juros do país nesta quarta-feira (18) em 0,50 ponto percentual (p.p.), para a faixa de 4,75% a 5% ao ano. Essa foi a primeira redução na taxa desde março de 2020.
A medida já era esperada pelo mercado, após sinalizações recentes de corte pelo presidente do Fed, Jerome Powell. A novidade é o tamanho do corte, que ainda era dúvida entre especialistas.
Em comunicado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) afirmou que a medida veio “à luz do progresso na inflação e do equilíbrio de riscos”. Disse também que “continuará monitorando as implicações das informações recebidas para a perspectiva econômica”.
O corte desta quarta gera reflexos no Brasil. Juros elevados nos EUA elevam a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos norte-americanos). Isso se reflete nos mercados de ações e no dólar, com a migração cada vez maior de investidores para o país, em busca de melhor remuneração.
Corte nas taxas, portanto, podem significar um alívio no mercado, já que investidores tendem a tomar mais risco e investir em países emergentes, como o Brasil. O movimento é favorável para o real, que sofreu com a valorização do dólar em meio aos juros elevados nos EUA.
No ano, o dólar acumula uma alta de quase 12% em relação à moeda brasileira. Nas últimas semanas, no entanto, a moeda norte-americana começou a perder força diante das sinalizações do Fed de corte de juros na reunião desta quarta-feira.
Progresso da inflação
No comunicado publicado nesta quarta, o Fomc afirmou que a inflação teve mais progresso em direção à meta do Fed, que é de 2%. Ponderou, no entanto, que o índice de preços continua “um tanto elevado”.
“O Comitê ganhou maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2%, e julga que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estão aproximadamente em equilíbrio”, diz o documento.
O colegiado também informou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica “continuou a se expandir em um ritmo sólido” e que os ganhos de emprego desaceleraram, enquanto a a taxa de desemprego subiu, “mas continua baixa”.
“Ao considerar ajustes adicionais à faixa-alvo para a taxa de fundos federais, o Comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a perspectiva em evolução e o equilíbrio de riscos”, continuou.
O Fomc não deu sinais claros sobre os próximos passos: afirmou que está preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado “se surgirem riscos que possam impedir a obtenção” de suas metas.
Reflexos dos juros norte-americanos
Além de aumentar a rentabilidade dos Treasuries e gerar impacto nos mercados de ações e no dólar, os juros dos EUA causam reflexos no cenário macroeconômico.
Juros mais elevados nos Estados Unidos também influenciam no longo prazo, indicando uma tendência de desaceleração econômica global, já que empréstimos e investimentos também ficam mais caros.
O movimento de corte nos EUA também tende a se refletir ainda nos juros brasileiros, ao levar mais tranquilidade para que o Banco Central do Brasil (BC) possa afrouxar a política monetária por aqui.
Para esta quarta-feira, investidores seguem na expectativa pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que será divulgada no fim da tarde.
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