Foram 6 meses de idas e vindas, incluindo a desistência do bilionário, um processo aberto pela rede social e a entrada dele na sede da empresa carregando uma pia. Elon Musk
Reuters
Depois de 6 meses de idas e vindas, o bilionário Elon Musk concluiu a compra do Twitter na noite da última quinta-feira (27). Poucas horas antes, Musk tinha divulgado uma carta direcionada a anunciantes em que confirmava a aquisição.
O fundador da Tesla e da Space X pagou cerca de US$ 44 bilhões (R$ 235 bilhões) pela rede social, segundo a agência Reuters, o mesmo valor anunciado quando as partes divulgaram o acordo de compra, em abril.
Em julho, quando Musk desistiu do negócio, o Twitter o processou. Por determinação judicial, ele tinha até esta sexta-feira (28) para concluir a compra. Do contrário, um novo julgamento seria marcado para novembro.
Confira a seguir a cronologia do caso:
Março de 2022: Musk cogita criar uma rede social
Respondendo a um seguidor no Twitter, rede em que ele tem mais de 110 milhões de seguidores, Musk afirma que cogita criar uma rede social para promover “liberdade de expressão” na internet. O executivo também fez uma série de enquetes em seu perfil sobre o papel do Twitter como uma “arena” que deveria permitir opiniões divergentes.
Nesse momento, o bilionário já havia comprado ações da empresa, mas a notícia só seria divulgada semanas depois.
4 de abril: Elon Musk, maior acionista individual da empresa
O fundador da Tesla se torna o maior acionista individual da rede social, com 9,2% das ações da companhia.
5 de abril: Indicação ao conselho da empresa
Musk é apontado como membro do conselho de diretores do Twitter um dia após divulgar sua participação na empresa. O magnata respondeu um post do CEO da rede social, Parag Agrawal, prometendo “melhorias significativas” para a plataforma.
10 de abril: Elon Musk desiste do conselho
No dia em que sua avaliação seria considerada para o conselho do Twitter, o magnata desiste de ter uma cadeira no grupo que lidera a rede social. O anúncio da desistência foi feito pelo então CEO da rede social, Parag Agrawal.
14 de abril: Musk faz uma oferta
O bilionário faz uma proposta para adquirir completamente o Twitter por mais de US$ 44 bilhões, segundo um documento regulatório da rede social. O conselho da companhia disse que avaliaria a oferta.
15 de abril: Musk diz ter ‘plano B’ e não quer dinheiro
Um dia depois de sua oferta, Elon Musk diz em uma entrevista que tem um “plano B” caso não consiga comprar o Twitter. Ele alega que “fazer dinheiro” com a rede social não está no centro da negociação e disse que a plataforma é arena importante para a liberdade de expressão no mundo.
Na mesma entrevista, ele disse que eliminar bots e contas falsas seria uma de suas prioridades ao assumir a rede social.
Bots ou robôs são contas controladas por um programa de computador que pode fazer todas as ações de um usuário comum: curtir conteúdos, seguir outros usuários, publicar e retuitar postagens.
21 de abril: US$ 21 bilhões ‘do bolso’ para compra
Elon Musk afirma em um documento apresentado à SEC (a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) que conseguiu quase US$ 46,5 bilhões para financiar a operação.
O bilionário diz que pretende destinar US$ 21 bilhões de sua fortuna para comprar Twitter e que o valor restante será conseguido por meio de dois empréstimos com o banco Morgan Stanley, um de US$ 13 bilhões e outro de US$ 12,5 bilhões.
25 de abril: Musk chega a acordo para comprar Twitter
O Twitter anuncia que fechou um acordo definitivo para ser comprado por Musk. A transação é estimada em US$ 44 bilhões.
Com a compra, o Twitter se tornará uma companhia de capital fechado, ou seja, deixará de negociar ações na bolsa. É dito ainda que os acionistas vão receber US$ 54,20 por cada ação comum, o que significa um prêmio de 38% sobre o preço dos papéis em 1º de abril.
29 de abril: Musk quer cortar salários
A imprensa dos Estados Unidos destaca que Musk poderia reduzir os salários dos executivos e do conselho da empresa de mídia social. Esse teria sido um dos argumentos usados para convencer os banqueiros a emprestarem o dinheiro para a compra do Twitter.
Segundo a Reuters, pessoas “familiarizadas com o assunto” informaram que o magnata chegou a falar que poderia reduzir os salários dos executivos e do conselho da empresa de mídia social, em um esforço para tirar custos da rede social, e desenvolveria novas maneiras de monetizar tuítes.
2 de maio: Twitter dá número de contas falsas
O Twitter estima que menos de 5% de sua base de usuários é formada por contas falsas ou voltadas para publicar spam.
A informação foi apresentada no relatório de resultados trimestrais da companhia. Segundo o documento, a rede social tem 229 milhões de usuários ativos. Segundo Musk, o Twitter ainda precisa apresentar números que comprovem essa informação.
6 de maio: acionistas contestam a compra
Um fundo de pensão da Flórida processa o bilionário e a rede social argumentando que Musk tinha acordos com outros grandes acionistas, incluindo seu consultor financeiro Morgan Stanley e o criador da plataforma, Jack Dorsey, para apoiar a compra
Por isso, a compra não pode ser concluída antes de 2025.
10 de maio: Musk fala sobre a volta de Trump
Em uma conferência, Elon Musk diz que voltaria atrás na suspensão do ex-presidente americano, Donald Trump, do Twitter.
“Eu reverteria a suspensão permanente [de Trump]”, afirma Musk em evento do Financial Times. O magnata diz que ele e Jack Dorsey, cofundador do Twitter, concordam que não deve haver banimentos permanentes na rede social.
12 de maio: Twitter demite dois executivos
O Twitter comunica a demissão dos chefes das áreas de consumo e receitas. A empresa também anuncia uma pausa nas contratações e uma revisão nas vagas em aberto, segundo a agência de notícias Reuters.
12 de maio: Dorsey não quer voltar
Respondendo a um seguidor no Twitter, o cofundador e ex-CEO da rede social, Jack Dorsey afirma que nunca mais quer ser CEO da plataforma. Antes de Elon Musk comprar ações, Dorsey era o maior acionista individual da companhia e membro de seu conselho de administração.
13 de maio: Musk suspende a compra por horas
“O acordo (para a compra) do Twitter está temporariamente suspenso por pendências em detalhes que sustentam que contas falsas de fato representam menos de 5% dos usuários”, afirma o empresário em um post na rede social.
Depois do anúncio, as ações do Twitter caíram em torno de 20% nas negociações prévias à abertura da Bolsa de Wall Street, segundo a France Presse.
Horas depois, Musk volta a tuitar que segue “comprometido com a compra” da rede social.
14 de maio: Musk quer contar os spams
O bilionário anuncia que sua equipe fará uma análise com amostra com 100 perfis do Twitter para ver quantos são falsos.
15 de maio: Musk diz que Twitter o acusa de violar confidencialidade
Musk afirma nas redes sociais que a equipe jurídica do Twitter o acusou de violar um acordo de confidencialidade ao revelar que o tamanho da amostra para as verificações da plataforma sobre bots e contas falsas era de 100 perfis. Para a empresa, esse dado é interno e confidencial.
16 de maio: Emoji de cocô
Musk usa um emoji de cocô para ironizar o presidente-executivo do Twitter, Parag Agrawal, sobre como é feita a estimativa de contas falsas na rede social.
Elon Musk rebate Parag Agrawal, CEO do Twitter sobre métricas para contas falsas
Reprodução/Twitter
O presidente-executivo do Twitter aponta ainda que as estimativas sobre contas de spam estão bem abaixo dos 5% divulgados pela empresa, mas afirma que não pode revelar a projeção exata.
Musk respondeu com o emoji e questiona: “Então, como os anunciantes sabem o que estão recebendo pelo seu dinheiro? Isso é fundamental para a saúde financeira do Twitter”.
25 de maio: Sem vínculo com a Tesla
O empresário diz que deixará de usar empréstimos que estariam vinculados às suas ações da montadora Tesla como garantia para financiar a compra do Twitter. De acordo com Musk, os US$ 6,25 bilhões (R$ 30 milhões, na cotação de 25 de maio) que seriam obtidos dessa forma virão de sua própria fortuna.
27 de maio: Musk é processado por acionistas do Twitter
Acionistas do Twitter processam Elon Musk, acusando-o de manipular o mercado para ter uma redução de sua oferta de US$ 44 bilhões ou margem para negociar um desconto.
Segundo a ação judicial, o bilionário tuitou e fez declarações com o objetivo de criar dúvidas sobre o negócio, o que vem agitando a rede social há semanas.
6 de junho: Musk ameaça desistir da compra e chama Twitter de negligente
Em carta enviada ao Twitter, um representante do bilionário diz que a empresa se recusou a fornecer as informações que solicitou repetidamente desde 9 de maio de 2022 para facilitar a sua avaliação de contas falsas e de spam.
“O Sr. Musk deixou claro que não acredita que as metodologias de teste negligentes da empresa sejam adequadas, então ele deve conduzir sua própria análise. Os dados que ele solicitou são necessários para isso”, continua o documento.
8 de junho: Twitter poderá ceder mais dados
Reportagem do jornal americano “Washington Post” informa que o conselho de administração do Twitter planeja apresentar mais dados internos ao bilionário para avançar no acordo de venda da rede social.
O Twitter diz que planeja realizar uma votação de acionistas até o início de agosto sobre a venda da empresa.
21 de junho: Conselho recomenda venda
O conselho do Twitter recomendou por unanimidade que os acionistas aprovem a proposta de venda de US$ 44 bilhões da empresa para Musk.
“Se a fusão for concluída, você terá direito a receber US$ 54,20 em dinheiro, sem juros e sujeito a quaisquer impostos retidos na fonte aplicáveis, para cada ação de nossas ações ordinárias de sua propriedade (a menos que tenha exercido adequadamente seus direitos de retirada)”, disse a rede social aos acionistas.
8 de julho: Musk desiste do acordo com o Twitter
O bilionário informa em carta que desistiu do acordo de compra do Twitter. Em documento enviado à SEC, órgão americano equivalente à Comissão de Valores Mobiliários, ele afirmou que houve uma violação de várias disposições do acordo.
“A análise preliminar dos consultores de Musk das informações fornecidas pelo Twitter até o momento faz com que ele acredite fortemente que a proporção de contas falsas e de spam incluídas na contagem de usuários relatada é muito superior a 5%”, afirmam advogados do bilionário.
O Twitter diz que a empresa vai recorrer à Justiça para fazer valer o negócio firmado com Musk.
12 de julho: Twitter processa Musk
Da mesma forma que Musk alegou violação de contrato para desistir do Twitter, a rede social também o acusa de quebrar o acordo. O Twitter processa Elon Musk, pedindo à Justiça que ordene a conclusão do negócio pelo bilionário.
19 de julho: Primeira audiência e data do julgamento
O julgamento do processo do Twitter contra Elon Musk será julgado em outubro deste ano, decidiu uma juíza do estado norte-americano de Delaware após primeira audiência realizada na terça-feira (19).
O Twitter e Musk apresentaram propostas concorrentes para a data do julgamento. O bilionário pediu um julgamento de duas semanas em fevereiro de 2023 enquanto o Twitter pediu quatro dias no final de setembro.
A juíza Kathaleen McCormick disse que as partes são capazes de lidar com um julgamento acelerado e, como uma empresa de capital aberto, o Twitter precisa ter o assunto resolvido logo.
15 de agosto: Twitter deve apresentar documentos de ex-gerente
A juíza McCormick determinou que o Twitter entregue para Musk documentos internet ligados a seu ex-gerente da divisão de consumo, Kayvon Beykpour, que deixou a empresa em maio de 2022.
A ordem foi tomada após o bilionário afirmar que Beykpour era um dos executivos “mais intimamente envolvidos” com o cálculo da quantidade de contas falsas na plataforma. Musk também pediu acesso a documentos relacionados a outras 21 pessoas, mas não foi atendido.
22 de agosto: Musk convoca Jack Dorsey, cofundador do Twitter para depoimento
Musk intimou formalmente o cofundador do Twitter, Jack Dorsey, para que ele apresente dados sobre usuários ativos da plataforma. A convocação também solicitou informações sobre métricas alternativas que o Twitter considerou para calcular a quantidade de usuários.
Jack Dorsey, ex-CEO do Twitter.
Lucas Jackson/Reuters
13 de setembro: Acionistas aprovam proposta de Musk
No limite previsto no acordo aprovado pelo conselho de administração do Twitter, acionistas da empresa aprovaram a proposta de Musk para pagar US$ 54,20 por ação. Na ocasião, cada papel da companhia era vendido na bolsa por cerca de US$ 41.
4 de outubro: Imprensa dos EUA diz que Musk voltou atrás e comprará Twitter
Os jornais americanos Bloomberg e Washington Post informaram que Musk voltou atrás e aceitou comprar o Twitter pelo valor da proposta original. As reportagens foram baseadas em fontes que estariam acompanhando a negociação.
24 de outubro: Musk chega à sede do Twitter com uma pia
O bilionário publicou um vídeo em que entra com uma pia na sede do Twitter em São Francisco, nos Estados Unidos. No tuíte, ele usou a expressão “let that sink in” – “sink” significa pia em inglês. A expressão equivale a algo como “deixe a ficha cair”.
Em resposta a seu vídeo, Musk afirmou que estava “conhecendo muita gente legal no Twitter hoje”.
Elon Musk entra na sede do Twitter com uma pia nas mãos
27 de outubro: Musk e Twitter concluem negócio
‘O pássaro foi libertado’, diz Elon Musk após divulgar uma carta aos acionistas do Twitter confirmando a compra da rede social.
Como primeiras medidas, Musk demite o presidente-executivo, Parag Agrawal, o diretor financeiro, Ned Segal, e o chefe de assuntos jurídicos e de políticas, Vijaya Gadde.
Anteriormente, o empresário os tinha acusado de enganar ele e investidores da plataforma sobre o número de contas falsas na mídia social.
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