Bolsas infláveis que ajudam a salvar vidas não são somente tecidos que inflam. Há um sistema eletrônico complexo que calcula a velocidade do carro para garantir máxima proteção do motorista e passageiros. Airbags fazem parte dos equipamentos de segurança passiva e ajudam a salvar vidas
Divulgação | Mercedes-Benz
Ainda existem quase 2,5 milhões de carros com airbags defeituosos circulando pelo país, conforme mostrou o Fantástico no último domingo (25). As bolsas infláveis são da fabricante japonesa Takata e foram instaladas em carros de 17 montadoras entre 2001 e 2018.
Desde que o problema foi descoberto, sete pessoas já morreram por conta da explosão do airbag com mau funcionamento. Em vez de proteger, um airbag defeituoso causa acidentes graves, podendo levar à morte, como nos casos citados pela reportagem.
No Brasil e no mundo, mais de 100 milhões de veículos foram afetados pelo defeito de fabricação no insuflador, uma peça de metal que abriga o gás responsável por fazer o airbag abrir. Por falhas de vedação e entrada de umidade, a peça de metal se racha. Além disso, o composto do gás também é alterado por estar em contato com o ambiente.
Quando o airbag é acionado, esse invólucro do gás se quebra em pedaços menores, que são arremessados como tiros contra o motorista. A velocidade de abertura do airbag, que ultrapassa os 300 km/h, deixa de ser feita de forma controlada.
Os airbags são itens de segurança obrigatórios no Brasil desde 1º de janeiro de 2014, e todos os carros passaram a vir equipados de fábrica com os modelos frontais, que protegem motorista e passageiro.
A importância é tamanha que, de lá para cá, parte das montadoras tem investido em ampliar a proteção dos motoristas, colocando mais opções de airbags já em seus veículos de entrada, como laterais e de cortina.
Nesta reportagem, o g1 mostra os tipos de airbags comuns no mercado, como eles funcionam e quais estão disponíveis nos veículos mais vendidos do Brasil.
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O primeiro conceito de airbag surgiu na Alemanha na década de 1950
Divulgação | Mercedes-Benz
Como surgiram os airbags?
O inventor Walter Lindner foi o primeiro a registrar no Escritório Alemão de Patentes a ideia do que viria a ser um airbag no futuro, em 6 de outubro de 1951. Ele se referia ao equipamento como “contêiner inflável dobrado que se infla automaticamente em caso de perigo”.
Por conta de dificuldades técnicas, a ideia demorou ainda 20 anos para finalmente ser implementada nos primeiros carros de produção em massa. Foi preciso desenvolver sensores de acionamento, gerar pressão suficiente para encher o airbag em milésimos de segundo e melhorar a resistência à ruptura do tecido.
A primeira patente de airbag foi registrada em 1971 pela Mercedes-Benz, que trabalhava na tecnologia desde 1966. “Nós sabíamos que podíamos fazer, mas não tínhamos ideia de quando estaria pronto”, afirmou o professor Guntram Huber, que foi um dos responsáveis pela engenharia de segurança da Mercedes por décadas.
A fabricante alemã realizou mais de 250 testes de impacto e milhares de experiências com o componente. Foram 15 anos até conseguir levar a tecnologia à maturidade de produção em série.
Somente no início da década de 1980 o airbag passou a fazer parte dos carros da Mercedes. O primeiro foi o sedã Classe S (modelo 126) que, junto com o airbag, era equipado com tensionador dos cintos de segurança.
O tensionador é um dispositivo que, ao detectar uma forte desaceleração ou inclinação da carroceria, retrai o cinto para que o motorista e passageiros “grudem” no banco. Com a força do cinto, sobra mais espaço para que o airbag ecloda sem ferir o condutor e os demais usuários do carro.
Depois da iniciativa da Mercedes-Benz, outras montadoras passaram a utilizar o sistema. Em alguns modelos, foi usada a sigla SRS (Suplemmental Retraint System). Em tradução livre, quer dizer “sistema de retenção suplementar”, um sinônimo de airbag.
Como funciona um bom airbag?
Segundo Michel Braghetto, coordenador da Comissão Técnica de Segurança Veicular da SAE Brasil, o airbag é, junto com o cinto de segurança, o equipamento que mais protege os consumidores de acidentes fatais.
“Ele é um item de segurança passiva, acionado quando já não há mais possibilidade de evitar a batida. Houve a colisão, os sensores instalados no veículo detectam que houve uma batida e a unidade de controle do airbag aciona o sistema”.
De acordo com o engenheiro, o sistema eletrônico do airbag não funciona simplesmente como um botão de liga/desliga. Há uma central de inteligência que reúne dados da velocidade do automóvel para determinar em qual velocidade a bolsa vai abrir e também como ela vai murchar após o acidente. Tudo isso influencia diretamente na eficiência do equipamento.
Braghetto explica que a primeira parte é a detecção da colisão, que é feita por sensores localizados nos para-choques e nas portas. Conforme essas peças são pressionadas, é possível retirar dados mais precisos através de acelerômetros de como e de onde está ocorrendo a colisão.
“Esses sinais são coletados pela central eletrônica do airbag e cada fabricante de sistema faz um mapeamento geral, em milissegundos, para, a partir daí, designar as ações exatas sobre como cada bolsa vai inflar e desinflar, por exemplo”, resumiu o engenheiro da SAE.
Nem sempre foi assim. Anteriormente, era usado um sistema de ar comprimido para inflar as bolsas de segurança, como esses que se encontra em balões de festa.
Perceba como há uma sequência correta para abrir os airbags: os primeiros a eclodirem são os frontais e os laterias vêm na sequência, prevendo o efeito chicote do corpo dos passageiros
Divulgação | Latin NCAP
Ao longo do desenvolvimento de seu airbag, a Mercedes-Benz informou que a solução ideal para gerar o gás veio na forma de um composto sólido, muito semelhante ao usado em motores de foguete — em termos técnicos, o termo utilizado para esse composto sólido é “propelente” ou “propulsante”, que é usado para mover um objeto aplicando uma força.
“Caso ocorra um acidente, um gerador ativa a reação química e insufla o airbag em milésimos de segundo”, explicou o engenheiro mecânico Huber.
Após o acionamento do airbag, há liberação desse gás. Como o sistema exige o uso de um explosivo, a montadora divulgou que, à época do desenvolvimento da tecnologia, a equipe de engenheiros de desenvolvimento de Huber teve que participar de treinamentos com explosivos por ordem das autoridades.
Quais são os tipos de airbags?
Os únicos obrigrigatórios de fábrica são os frontais. Há ainda airbags de cortina e laterais, que começam a ser cada vez mais frequentes. Os de joelho aparecem em carros mais caros. Por fim, o de pedestre e o central são raros.
“Algo interessante é que as montadoras têm optado por pular de dois airbags para seis, não necessariamente passando por apenas quatro bolsas”, elucidou o engenheiro da SAE Brasil.
Até o momento, são sete os tipos de airbags mais usados nos carros
g1
Veja abaixo a descrição de cada um dos tipos de airbag.
➡️Airbag frontal: obrigatório desde 2014, os airbags frontais ficam no volante para o motorista e no painel à frente do passageiro. Protege contra impactos dianteiros.
➡️Airbag lateral: ficam na parte lateral dos bancos e protegem os passageiros da dianteira e traseira, nas regiões de costela e braços. Há bolsas maiores que protegem também o tórax e a pelve.
➡️Airbag de cortina: preenche o espaço das janelas. Costuma ser um bolsa única, que infla para proteger a cabeça dos ocupantes em caso de batidas laterais e capotamentos.
➡️Airbag de joelho: costuma ficar abaixo do volante para proteger as pernas do condutor em caso de esmagamento. Está disponível em veículos de maior valor agregado.
➡️Airbag central: fica posicionado na parte lateral dos bancos, mas do lado interno. Servem para impacto lateral em que há a chance das cabeças do passageiro e motorista se chocarem.
➡️Airbag de cinto: serve para diminuir a lesão no peito, causada pelo cinto de segurança. Foi introduzido recentemente pela Ford.
➡️Airbag de pedestre: funciona em conjunto com o piloto automático adaptativo que, ao identificar que o carro vai atropelar um pedestre, deflagra o airbag no parabrisas. É uma solução apresentada pela Volvo, em 2013.
Airbag de pedestre estava presente no Volvo V40, que era o único carro do Brasil com essa tecnologia
Airbag minimiza os possíveis ferimentos causados pelo próprio cinto de segurança
Divulgação | Ford
Quais airbags têm os carros mais vendidos do Brasil?
Os carros mais vendidos do mercado contam com dois, quatro e até seis bolsas infláveis. Elencamos as versões de entrada para um comparativo, pois são as que têm menor preço e, consequentemente, menos equipamentos.
Esse é o caso da Fiat Strada. Nas versões com cabine simples (que partem de R$ 104.990), não há airbags laterais, apenas os frontais. Somente nas configurações com cabine simples é que são aplicados os airbags laterais (com valor iniciando em R$ 119.990).
O g1 levantou quais airbags têm os veículos mais vendidos do país. Veja abaixo.
Volkswagen Polo: 4 airbags (dois frontais e dois laterais);
Fiat Strada: 2 airbags (frontais);
Chevrolet Onix: 6 airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina);
Hyundai HB20: 6 airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina);
Fiat Argo: 2 airbags (frontais);
Fiat Mobi: 2 airbags (frontais);
Volkswagen T-Cross: 6 airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina);
Hyundai Creta: 2 airbags (frontais);
Chevrolet Onix Plus: 6 airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina);
Chevrolet Tracker: 6 airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina);
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