Déficit nas contas externas avança para US$ 30,4 bilhões no acumulado do ano, mas o ingresso de investimentos diretos, embora tenha registrado alta menor, somou US$ 51,2 bilhões e foi suficiente para financiar o rombo. Dólar
Karolina Grabowska/Pexels
O rombo das contas externas brasileiras mais do que dobrou nos oito primeiros meses deste ano, informou o Banco Central (BC) nesta quarta-feira (25).
Os investimentos estrangeiros diretos também subiram, mas em menor proporção: 14,3% (veja mais abaixo).
De acordo com a instituição, as contas externas (transações correntes) registraram um déficit de US$ 30,4 bilhões de janeiro a agosto, em comparação com US$ 13,5 bilhões no mesmo período do ano passado.
Este também é o maior resultado negativo, para os oito primeiros meses de um ano, desde 2019, quando o déficit somou US$ 42,5 bilhões, segundo dados oficiais (veja dados anteriores nos vídeos abaixo).
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O Banco Central costuma explicar que o tamanho do rombo das contas externas está relacionado com o crescimento da economia.
🔎Quando cresce, o país demanda mais produtos do exterior e realiza mais gastos com serviços também. Por isso, o déficit também sobe.
Somente mês de agosto, segundo o Banco Central, as contas externas registraram um resultado negativo de US$ 6,6 bilhões, em comparação com um déficit de US$ 969 milhões no mesmo período do ano passado.
Entenda o cálculo
O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
A aumento no saldo negativo das contas externas, na parcial de 2024, está relacionado com uma piora na conta comercial, com redução do superávit da balança em cerca de US$ 10 bilhões neste ano, além de um aumento do déficit na conta de serviços em US$ 6,4 bilhões.
A conta de serviços registra receitas e despesas com transportes, seguros, serviços financeiros e viagens internacionais, entre outros.
No ano passado, as contas externas apresentaram um rombo de US$ 28,61 bilhões. Para o ano de 2024 fechado, o Banco Central estimou, em julho deste ano, um déficit de US$ 53 bilhões.
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Investimentos estrangeiros diretos
O BC também mostrou que os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira avançaram 14,3% no ano acumulado dos oito primeiros meses deste ano.
Os estrangeiros trouxeram US$ 51,2 bilhões em investimentos de janeiro a agosto de 2024, contra US$ 44,8 bilhões no mesmo período de 2023.
🔎Mesmo crescendo menos, os investimentos estrangeiros foram suficientes para “financiar” o rombo das contas externas de US$ 30,4 bilhões registrado nos oito primeiros meses de 2024.
Esse é o maior ingresso de investimentos no país para esse período desde 2022 (US$ 55 bilhões).
Somente em agosto, ainda de acordo com a instituição, os estrangeiros aportaram US$ 6,1 bilhões em investimentos diretos no país, contra um ingresso de US$ 7,3 bilhões no mesmo mês de 2023.
No ano passado, os investimentos estrangeiros diretos no país somaram US$ 62 bilhões. Para o ano de 2024 fechado, o Banco Central estimou, em julho deste ano, um valor de US$ 65 bilhões.
Gastos de brasileiros no exterior
Já os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 9,72 bilhões de janeiro a agosto deste ano, com pequeno recuo rente ao mesmo período do ano anterior – quando totalizaram US$ 9,74 bilhões.
Somente em agosto, as despesas de brasileiros lá fora somaram US$ 1,32 bilhão — pouco acima do registrado no mesmo mês de 2023 (US$ 1,27 bilhão).
As despesas de brasileiros fora do país são influenciadas por fatores como o nível de atividade econômica, pelo nível do emprego e renda, e, também, o preço do dólar (usado nas transações internacionais).
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