A moeda norte-americana fechou em alta de 1,20% na véspera, cotada a R$ 5,6231. O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores, fechou em queda de 0,95% nesta quinta-feira, aos 136.041 pontos.
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O dólar abriu em baixa nesta sexta-feira (30), antes do Banco Central do Brasil realizar um leilão da moeda americana para controlar as altas expressivas do câmbio ao longo desta semana.
No leilão, o BC vende dólar para o mercado financeiro, numa tentativa de aumentar a quantidade de moeda disponível e reduzir as altas da taxa de câmbio, enquanto investidores recorrem à moeda americana para se proteger contra incertezas sobre os juros nos Estados Unidos e o cenário fiscal no Brasil.
No último pregão de agosto, o mercado monitora a divulgação de novos dados de inflação nos Estados Unidos, que vieram levemente melhor que o esperado.
O índice PCE, o indicador de inflação favorito do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) subiu foi de 2,5% em um ano até julho, mantendo o mesmo patamar que o registrado em junho, mas menor que os 2,6% projetados.
Aqui, novas declarações de Roberto Campos Neto, presidente do BC, afirmando que que “enquadrar” a questão fiscal é a parte mais difícil da economia brasileira no momento, também repercutem.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 09h20, o dólar caía 0,13%, cotado a R4 5,6159. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda americana teve alta de 1,20%, cotada em R$ 5,6231. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6620.
Com o resultado, acumulou:
alta de 2,62% na semana;
recuo de 0,55% no mês;
avanço de 15,88% no ano.
Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na véspera, o índice fechou em baixa de 0,95%, aos 136.041 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
alta de 0,32% na semana;
alta de 6,57% no mês;
ganhos de 1,38% no ano.
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O que está mexendo com os mercados?
O BC promoveu, hoje, um leilão de até US$ 1,5 bilhão no mercado de câmbio à vista, para tentar conter a alta expressiva do dólar nos pregões desta semana. De segunda até quinta-feira, o dólar já avançou 2,62 e ficou cotado acima dos R$ 5,60. O leilão aconteceu entre 9h30 e 9h35.
Num leilão de dólar à vista, o BC vende dólares oriundos de suas reservas financeiras no mercado, para aumentar a quantidade disponível da moeda. Assim, a ideia é que os investidores interessados na moeda possam compra-la sem que o preço da taxa de câmbio avance mais.
Esta é a segunda vez que a instituição realiza um leilão de dólar desde que Lula assumiu a presidência em seu terceiro mandato.
O movimento de alta no dólar durante todo o mês de agosto — no começo do mês, a moeda chegou a ultrapassar os R$ 5,80 — reflete, principalmente, as dúvidas em relação aos juros nos Estados Unidos e a situação fiscal do Brasil.
Nos Estados Unidos, o mercado repercute a divulgação da inflação medida pelo PCE, o indicador favorito de Fed, que veio melhor que o esperado.
O PCE é um indicador que mede a inflação de uma forma mais flexível. Diferentemente do Índice de Preços ao Consumidor (CPI), por exemplo, que tem uma cesta de bens e serviços já definida e acompanha a inflação desses itens todos os meses, o PCE mede a variação dos preços com cestas que englobem os itens mais consumidor pela população naquele período.
O número acalma o mercado, mas ainda há dúvidas sobre qual será a condução do Fed com sua política monetária na reunião de setembro e nos próximos meses — ainda mais após dados de ontem mostrarem um PIB a 3% no segundo trimestre e um número menor que o esperado de pedidos de seguro-desemprego.
Hoje, as taxas de juros no país estão entre 5,25% e 5,50% ao ano e o mercado já dá como certo que a instituição vai promover um corte em setembro, principalmente depois do discurso do presidente, Jerome Powell, afirmar que “chegou a hora de mudar a política (monetária)” na semana passada.
O chefe do Fed, porém, não deu certeza sobre qual será a magnitude desse corte nos juros, dizendo apenas que a instituição tem um “amplo espaço” para fazer isso.
O tamanho desse corte e qual será a posição do Fed nas próximas reuniões até o fim do ano estão no centro das atenções do mercado, que esperam uma pista mais certeira sobre o que vai acontecer para calibrar suas carteiras de investimentos.
Quanto mais as taxas caem, maior é o impulso para a atividade econômico, pois juros menores barateiam a tomada de crédito para empresas e população — o que estimula o consumo, os investimentos em ativos mais arriscados e a economia como um todo.
Mas se a economia continuar mostrando resiliência, com uma atividade econômica crescente e um mercado de trabalho mais equilibrado, os cortes nas taxas podem ser mais moderados, de forma a não permitir que a pressão inflacionária volte a impactar os Estados Unidos com força.
Já no Brasil, o cenário fiscal permanece no radar, com constantes dúvidas sobre a capacidade do governo de pagar suas contas. O governo deve enviar hoje ao Congresso o Orçamento de 2025 e o mercado monitora isso.
Nesta quinta, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse em evento da CNN que a “parte mais difícil da economia brasileira é enquadrar o fiscal hoje. A despesa continua subindo acima da receita”.
“A parte fiscal tem sido relevante e tem influenciado expectativas de inflação e a curva de juros futuros”, comentou Campos Neto.
No evento, Campos Neto disse que há também uma preocupação sobre se o crescimento atual da massa salarial representa risco inflacionário ou não. Recentemente, o mercado de trabalho aquecido vem sendo citado pelo BC como um risco altista para a inflação.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou nesta sexta que a taxa de desemprego no Brasil foi de 6,8% no trimestre encerrado em julho, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.
Esse é o melhor resultado para o período desde 2014 e também representa uma queda de 0,7 ponto percentual em relação à taxa registrada no trimestre encerrado em abril.
Com o fiscal gerando dúvidas e pressões inflacionárias voltando a apareces, o mercado volta a projetar uma Selic, taxa básica de juros, maior nos próximos meses.
Nesse sentido, segue repercutindo a indicação do economista Gabriel Galípolo para presidir o BC na quarta-feira (28). Ele atualmente faz parte da diretoria da instituição.
Escolhido pelo presidente da República, Galípolo ainda precisa receber o aval do Senado Federal antes de assumir o cargo.
A indicação de Galípolo foi bem recebida por agentes do mercado financeiro. Desde sua nomeação para a diretoria, em maio do ano passado, especulava-se que ele poderia ser o futuro indicado de Lula à presidência da instituição.
O mercado, inclusive, desconfiou que a proximidade entre eles pudesse gerar interferência política nas decisões de taxa de juros do país. Mas a atuação e declarações de Galípolo em mais de um ano de BC deram algum conforto de que ele comandaria o BC com um olhar técnico.
Analistas ouvidos pelo g1 reforçam que ele ainda precisará confirmar na prática que o BC continuará independente. Em especial, porque Lula passou os dois primeiros anos de mandato criticando a presidência da instituição.
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