Setor aquaviário transporta 644 milhões de toneladas no período, e supera desempenho histórico de 2023. Todos os perfis de carga registraram recordes individuais. A movimentação de cargas pelo setor aquaviário brasileiro teve um crescimento de 4,28% no primeiro semestre de 2024. O volume total foi de 644,76 milhões de toneladas transportadas, de acordo com o Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ).
O documento vai ser apresentado hoje, em coletiva de imprensa em Brasília. A GloboNews e o g1 tiveram acesso com exclusividade aos dados.
Os três perfis de cargas — contêineres, granéis sólidos e líquidos — apresentaram a maior movimentação da série histórica, desde 2010, para um primeiro semestre.
O destaque é para o transporte de cargas em contêineres, que teve movimentação de 73,3 milhões de toneladas, aumento de 22,72% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Desse total, só com os contêineres, foram movimentados 49,3 milhões de toneladas entre o Brasil e outros países (navegação de longo curso).
Outros 23,2 milhões de toneladas circularam exclusivamente dentro do país (navegação de cabotagem). A cabotagem de contêiner teve um crescimento de 30,22%. E, ainda, pelos rios brasileiros (navegação interior e apoio portuário), a movimentação atingiu 0,7 milhão de toneladas.
O documento estatístico da agência nacional mostra que o mês de junho teve movimento de 119,2 milhões de toneladas de cargas, 4,74% a mais que os 113,8 milhões de toneladas de junho do ano passado.
Os produtos que tiveram maior alta no volume transportado no mês foram os fertilizantes (17,33%), o açúcar (17,22%) e a bauxita (11,79%).
O país teve movimentação expressiva em 2021, ano de pandemia, porém, o período seguinte foi de estagnação na movimentação de contêineres, segundo a Antaq. O diretor-geral da agência nacional, Eduardo Nery, diz que o desempenho positivo da movimentação de contêineres neste ano é reflexo de uma retomada da atividade em diversos portos do país, e já se pode afirmar pelos números que o crescimento é contínuo.
Ele diz que o resultado sinaliza uma reindustrialização no país, também indicada pelo IBGE, que publicou que a produção industrial brasileira subiu 4,1% em junho deste ano, a maior alta desde julho de 2020 (9,1%).
“Alguns dados chamam atenção, como, por exemplo, o crescimento de mais de 70% na movimentação de compostos orgânicos e inorgânicos, que servem de base para a indústria, o que pode mostrar uma retomada do nosso crescimento industrial”, afirma Nery.
“Assim como também o agro trouxe números importantes: um aumento de mais de 50% na movimentação de café, mais de 300 por cento de movimentação de algodão. O açúcar também, um outro destaque dentro desse primeiro semestre muito importante, significativo para o setor portuário.”
Resultado do setor aquaviário no 1º semestre de 2024
Arte/GloboNews
Movimentação por região
A região Sudeste é responsável por metade das cargas do setor aquaviário nacional, atingiu 322,5 milhões de toneladas transportadas no primeiro semestre, um crescimento de 6,1%.
Os produtos que mais aumentaram a quantidade transportada foram o petróleo e derivados, sem óleo bruto (19,62%) e o minério de ferro (10%).
A região Nordeste chegou a 149,2 milhões de toneladas transportadas, um aumento de 4,1%. Detém 23,1% de participação nacional. Os destaques da região em aumento de quantidade transportada foram minério de ferro (6,16%) e petróleo e derivados (2,38%).
A região Sul movimentou 90,8 milhões de toneladas e cresceu 4,6%, com alta no transporte de açúcar (77,60%) e soja (18,31%).
A região Norte atingiu 79,5 milhões de toneladas de cargas transportadas, um volume estável em comparação ao mesmo período do ano passado (0,6%). Os dois destaques em aumento de quantidade transportada foram milho (17,92%) e bauxita (3,16%).
A região Centro-Oeste não tem movimentação aquaviária expressiva, segundo a Antaq. Quase a totalidade da produção dela é escoada primeiro via terrestre para as outras regiões do país.
Perfis de carga
Os granéis sólidos representam 59,4% de tudo que passa pelos portos. Tiveram crescimento de 3,65% em relação aos seis primeiros meses do ano passado. Foram movimentados 383 milhões de toneladas de cargas.
Os granéis líquidos tiveram desempenho estável, crescimento de 0,02%, e as cargas gerais tiveram um recuo de 2,02%, no mesmo período.
Portos Privados
Os Terminais de Uso Privado (TUPs) movimentaram 413,2 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2024. O aumento é de 2,12% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Destacou-se o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira (MA), que registrou crescimento de 6,47%, com 74,7 milhões de toneladas movimentadas.
Portos Públicos
Os portos públicos movimentaram 231,6 milhões de toneladas nos primeiros seis meses do ano. O aumento é de 8,37% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O Porto de Santos foi o mais movimentado entre os públicos, com 68,6 milhões de toneladas, um aumento de 8,42%, em relação ao primeiro semestre de 2023. Este porto, sozinho, movimentou 10,6% de toda a carga portuária do país.
Na sequência, os portos públicos de maior movimentação foram o de Paranaguá (PR), com 30,13 milhões de toneladas e alta de 9,80%, e o de Itaguaí (RJ), com 30,02 milhões de toneladas e alta de 21,96%.
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