Manifestação reuniu 140 mil pessoas nas ruas da capital francesa, entre elas a vencedora do Nobel de Literatura Annie Ernaux e o líder da extrema esquerda Jean-Luc Mélenchon. Ato também apoiou greve das refinarias na França, que já dura três semanas. Inflação na União Europeia chegou a 10,1% em agosto deste ano. A vencedora do Nobel de Literatura de 2022, Annie Ernaux (5ª da esquerda para a direita) e o líder da esquerda na França Jean-Luc Mélenchón (ao centro) participam de ato contra alta no custo de vida no país, em 16 de outubro de 2022.
Aurelien Morissard/ AP
Cerca de 140 mil pessoas se manifestaram neste domingo (16) em Paris, na França, contra a alta de preços que tem assustado consumidores em toda a Europa, continente pouco acostumado à inflação.
O líder da extrema esquerda do país, Jean-Luc Melenchon, e a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura deste ano, a escritora Annie Ernaux, lideraram o ato, que também mostrou apoio a uma greve de três semanas nas refinarias da França.
Melenchon, tradicional líder da esquerda que teve um resultado surpreendente nas últimas eleições presidenciais da França – 22% dos votos, pouco atrás da candidata da extrema direita, Marine Le Pen -, convocou uma greve geral para terça-feira (18).
“Vocês vão viver uma semana como nenhuma outra, fomos nós que começamos com esta marcha”, disse ele à multidão.
A vencedora no Nobel de Literatura de 2002, Annie Ernaux, e o líder de esquerda da França Jean-Luc Melenchon.
Aurelien Morissard/ AP
Melenchon seguiu o movimento de quatro sindicatos – com exceção do maior da França, o moderado CFDT -, que convocaram greves e protestos por aumentos salariais no mesmo dia.
O ministro do Orçamento da França, Gabriel Attal, disse que a coalizão de esquerda está tentando explorar a situação atual, marcada por greves em andamento nas usinas nucleares e nas refinarias de petróleo francesas.
“A marcha de hoje é uma marcha de simpatizantes que querem bloquear o país”, disse ele à rádio francesa Europe 1.
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Há três semanas, trabalhadores das refinarias francesas estão em greve por falta de acordo com as patronais por um aumento de 10%, segundo eles equiparável à alta nos preços que a França e toda a Europa vivem.
“Você pode ver que esse movimento está começando a se espalhar”, afirmou a líder da bancada parlamentar do A França Insubmissa, Mathilde Panot, em entrevista à rádio France Info. “Você pode ver isso no setor nuclear. Os caminhoneiros anunciaram uma paralisação na terça-feira, e muitos outros setores estão começando a se unir”.
Na França, a inflação ficou em 6,2% em setembro, quase o dobro do índice de janeiro deste ano, segundo a Eurostat, a agência de estatística da União Europeia. Já na média, os países do bloco registraram 10,1% em agosto deste ano.
Vários sindicatos franceses anunciaram sua adesão ao dia nacional de greves na terça-feira (18), que deve afetar o transporte rodoviário e ferroviário, assim como o setor público.
Pelo menos um terço dos postos de gasolina da França enfrentam problemas de abastecimento por conta da paralisação. Motoristas de todo o país, principalmente em Paris, têm de enfrentar horas de espera nas filas para poder reabastecer. Muitas empresas reduziram viagens e entregas, e até mesmo os veículos de serviços de emergência estão sendo afetados.
Os enormes lucros obtidos pelas empresas de energia, devido aos preços recordes dos combustíveis, despertam simpatia pelas demandas por aumentos salariais entre os trabalhadores. De acordo com uma pesquisa do instituto BVA publicada na sexta-feira, porém, apenas 37% dos franceses apoiam as greves.
O presidente da França, Emmanuel Macron, que foi reeleito ao cargo em abril, quer aumentar a idade para a aposentadoria, hoje de 62 anos, para equiparar a França com outros países europeus. Sindicatos e partidos de esquerda são frontalmente contrários a essa mudança.
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